sábado, fevereiro 07, 2009

Física(o) e Química(o)


A Teoria da Relatividade, proposta por Albert Einstein em 1915, é talvez o conceito físico mais popular de todos os tempos, amplamente utilizado nos mais variados sentidos, práticos ou não, mas raramente corretos... aqui está mais um, porque se apropriar de certos conceitos é mais que normal...e não é possível ser sempre poético e bonitinho...está noite quero quebrar vasos de cristal, destruir quartos de hotéis de luxo, rasgar e rasgar-me, virar-me pelo avesso, me descabelar, gritar e romper o tempo, viajar à velocidade da luz, para que minha massa se transforme em energia e eu possa deixar de ser matéria...


Esse era um daqueles dias em que tudo parece perfeito, nenhum sobre salto maior, nenhum pensamento suicida e o mais importante de tudo, era o dia que marcava um recorde histórico, o dia em que, depois de mais de um ano atormentada por um fantasma fantasiado de quase amor, ela passou mais de três horas sem que seus pensamentos rondassem a área proibida da lembrança dele. Saiu do trabalho andando feliz e até se despediu do porteiro do prédio antes de ir.
Essa noite quando se encontrou com os amigos, conversou, bebeu, se divertiu e até riu sinceramente, sem lembrar que o dia ainda não havia acabado, esquecendo a regra básica que diz claramente que só se deve cantar vitória, mais 24 horas, depois de passadas as 24 horas...
Foi quando ele chegou, não era precisamente ruim vê-lo, na verdade o fato de não ser ruim vê-lo tornava isso algo não exatamente bom...Tudo voltou, os pensamentos viajaram para ele, a cabeça não parou um minuto de criar estratégias que ela não seguiria, os olhos deixaram de respeitar os comandos do cérebro e se fixavam apenas nele, os bichos voadores despertaram em seu estomago e a vontade incontrolável e ridícula de rir se apoderou dela...algo como um ataque de pânico por uma felicidade inexplicável e ridícula a faziam querer rir e chorar...e em um lapso de sanidade em meio ao misto de sentimentos que a atropelavam pensou “eu perdi...”
Enquanto isso alheio aos estragos de terremoto que nela causava ele ria, cumprimentava a todos, enquanto ela maldizia essa gentileza indiferente que a encantava e irritava. Foi sentar-se em outra mesa, com outras pessoas, longe dela...do outro lado do mundo...sempre irritantemente perfeito. Daí tudo mudou, o dia perfeito se perdeu, e por mais que ela tentasse afastar esse pensamento despótico da cabeça, parecia que no mundo só existia ele, tão longe e tão perto...se lembrou então das aulas de física da escola, quando descobriu a existência da Teoria da Relatividade, a teoria disparatada proposta por um certo físico, que pelas fotografias parecia tão louco e insano quanto o que propunha, segundo a qual tempo e espaço podem ser curvos e não lineares e que nesse momento ela sentina na pele.
Os bichos voadores em seu estomago pareciam mais inquietos que nunca e sua cabeça parecia uma montanha russa em constante loop...mil coisas... “estou ficando louca...como é possível estar tão longe e tão perto...e se me levantasse agora, ficasse frente a ele e soltasse tudo, falaria sem parar, arrancaria o peso que me prende á terra e impede meus movimentos, atiraria tudo ao vento... depois sairia correndo e ele nunca mais me veria, nem ele nem ninguém”...Os poucos metros que os separavam pareciam anos luz, até a estrela mais distante era mais próxima que ele... “é vergonhoso de mais pensar assim, eu não sou movida a emoções assim, sou feita só de medo e razão instrumental”...

-Já vamos encerrar, querem pedir mais alguma coisa?- assim o garçom anunciou o fim da noite e da ilusão de um dia perfeito...mais 24 horas

3 comentários:

Amora disse...

"Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada"

(Caio Fernandes Abreu)

Unknown disse...

na verdade...não gostei deste texto..a ideia é boa (alô modestia?) mas não gostei do desenvolvimento... quem sabe um dia não volte e o reformule...quem sabe, um dia

Unknown disse...

Nossa! vamos brinca a que somos intelectuales! Textos são como são!
quando reformular não será nem melhor nem pior será outro.
Porque vc será outra quando escrever de novo!
sacou?
Eu amei