terça-feira, fevereiro 10, 2009

Lost and Found

Ela: dreads...adoro dreads, acho muito legal...
Ele: eu acho nojento...

A uma pessoa muito legal....minha lembrança de um bom dia...foi divertido...


Sexta-feira, 04h15:
Ela: - alô?Oi, acho que esqueci meu anel com você...
Ele: - sim, sim, desculpa, esqueci de te entregar
Ela: - não, imagina..mas..
Ele: - amanhã não sei se terei tempo...
Ela: - humm, não, mas não tenho presa...só que, onde posso te encontrar para pega-lo?
Ele: - Não, não, eu vou até você, só não sei se vou poder amanhã, eu te ligo...

Antes:
Aventura: Fogo!!! Dia de herói Bruno?...foi a parte elétrica... Eu estava perto...eu morri de medo...cara que coisa!!!....Cobrar ou não o extintor, eis a questão...(acho que não..)

Tecnologias: cadê o som? Reinicia Bruno!...Música...youtube, Olha! Uma raquete para mosquitos! Será que dá choque mesmo?... Thiago!!! Fala Thiago!... mais música...cadê? na cama...na gaveta...achei! aqui, na janela...

Mil conversas: historia dos incas...grileiros são muito pilantras...Cabelos...é Emo, não , é mais chanel...Conversa de meninas: meu cabelo é terrível, não, o meu é mais... questões linguísticas:“você é neurótica...”, sotaque... ela odeia... “me incomoda” , teoria da perseguição conspiratória...eu acho seu sotaque muito legal...Fala Thiago!....Vou para o mato um ano...louco...eu não iria...filme?...Into the wild....(Em off: minha vida é o show de Truman, mas tudo bem...). Cinema: Bruce Lee...mafiosos...Chegada: piadas...Huckleberry Finn!!!, que simpático...bandas...que mudernos...Despedida: já vão? (Em off: vou ficar sozinha com eles...tenha medo...ahhh...que nada...risos mentais)...Comentários avulsos de mil teorias sem fundamento, de como é divertido conversar das coisas mais sem sentido ou o contrario como fazer coisas serias parecerem tão simples...os risos diluem tudo....Vamos fechar...

Para a posteridade: registro em vídeo... em espanhol...não entendi a piada, desculpa...(Em off...não achei graça...desculpa, não sou inteligente)...sérios....Não, não vai para o youtube!!! Relaxa....
Fim de noite: eu vou embora...não!!! Pra onde?....Não tem nada aberto...Savassi...quero café...Tudão: não tem mesa....Não aceita cartão!!!!....desabafos?, não... apenas comentários neuróticos de alguém um pouco inconformado consigo....porque estão todos me olhando...estou gritando...uma água por favor...Garçonete: mas você é muito linda, e esses buraquinhos...(sim, eu tenho dois buracos no rosto quando sorrio...eu sei.)...Você me da carona?...serio?... posso ir de ônibus....Tchau!!!!! Thiago o verde é sua cor....

Ainda antes: Dá pra sentir o osso do seu ombro, que esquisito...( hoje: não acredito que disse isso, que sem graça...)...è aqui...cadê minha chave?...Obrigado pela carona....

Depois:
Sexta-feira à noite:
-Alô?
-Oi, é o Frederico do anel...
Então ok, terça à noite...

Sábado à tarde: cadê meus óculos...oh shit man!!! Caíram no carro dele, ou será que perdi no shopping?...Liga e pergunta...não, estou sem graça,além disso ele viajou....Liga! e se ele não viu e quebram?...Não!!!...Eu ligo...Não!!!!!!...vou esperar....

Terça-feira, 20h40: Ele deixou meu anel e meus óculos?....Espera um pouco...não chega...será que ele esqueceu?...Liga para ele ( Em off: que mania que todo mundo quer que eu ligue...odeio telefone)...Acho que esqueceu, se ele passar guarda pra mim...

21h20: Me empresta seu celular...Não atende...ainda não atende...Só mais uma vez....
-alô?....Sim, estou chateada...matricula na faculdade? Ah, desculpa...não, eu passo ai agora...

22h: Estou na porta...Desculpa...meu anel!...óculos, um final de semana cega ( liga para o exagero...)...Obrigado e desculpa mesmo...

Quarta-Feira: Ataques de consciência...fui chata...foi mesmo...nem era culpa dele...não era mesmo...vou mandar mensagem...boa idéia...mas agora não...você não vai mandar...vou...depois. Mandei a mensagem...fiz bem... mas ainda odeio ter que pedir desculpas (isso não é algo legal...mas tecnicamente não pode ser chamado de orgulho)

Recursos digitais que aliviam nosso peso de consciência, em raros momentos, como esse, o celular até pode ser considerado algo bom, apesar de odiar tecnologias....Serviu, ajudou a não estragar a lembrança de um bom dia, quase cinematográfico...filme da Meg Ryan?...definitivamente não...é nosso filme, da alegria de ter e fazer amigos...mesmo que eles digam “ainda acho seu sotaque muito legal”...apesar disso...

domingo, fevereiro 08, 2009

Le petit cactus


Meu cacto morreu. Eu amava aquela planta espinhosa. A comprei uma tarde de sexta-feira, aqui mesmo, perto de casa, a escolhi dentre varias outras plantas talvez mais atrativas. Eu amava aquela planta espinhosa por ser espinhosa.
Morava em minha janela, em seu pequeno vaso de plástico, aninhado em uma terra escura e fria coberta de simpáticas pedrinhas brancas minúsculas...tão diferente de seus primos selvagens dos desertos, tão pequeno...
Eu queria que vivesse, queria protegé-lo, queria que vivesse para sempre...Conversava com ele, o regava uma vez ao mês e mais de uma vez até arrisquei tocá-lo...admirava sua beleza, em que o mais lindo dos tons de verde parecia coberto por uma nevoa de minúsculos espinhos aparentemente macios e indefesos, mas dolorosos ao tato...
Eu amava aquela planta. Não sei como aconteceu, talvez cansou de mim, tentava lembrar se alguma vez deixei de falar de falar com ela, de lhe contar como era o mundo além de minha janela, talvez se sentiu só, talvez a reguei de mais, talvez queria ir para o céu das plantas espinhosas...ou quem sabe não gostava de me ouvir. Eu amava aquela planta e queria que ficasse comigo para sempre...mas não consegui cativa-la e murchou, o verde ficou marrom, e os espinhos caíram...ficou indefesa, e quando a vi seca e morta tive medo de toca-la...Morreu e não conseguí ir com ele para o planeta em que seriamos apenas nós dois, meu cacto e eu...porque eu amava aquela planta

Nota 10858

Personagens são personagens, não menos reais por ser personagens, mas diferentes dos que não o são, personagens são reais, por vezes mais do que quem é de carne e osso...

A autora destes singelos escritos pede que todos os generosos que a lêem não julguem saber tudo o que ela pensa, porque nem mesmo ela o sabe, pede apenas que deixem que os personagens sejam personagens e que a ficção, que se alimenta do real, seja apenas ficção e não a surpreendam enquanto se alimenta da vida...

Não contem ao rei que ele está nu, porque se em sua imaginação ele pensa estar ricamente vestido, entao ele o está e seus trajens são os mais belos que existem ou estirão e os nus são os que não conseguem ver a beleza dos fios de ouro que os sonhos fabricam...

sábado, fevereiro 07, 2009

Física(o) e Química(o)


A Teoria da Relatividade, proposta por Albert Einstein em 1915, é talvez o conceito físico mais popular de todos os tempos, amplamente utilizado nos mais variados sentidos, práticos ou não, mas raramente corretos... aqui está mais um, porque se apropriar de certos conceitos é mais que normal...e não é possível ser sempre poético e bonitinho...está noite quero quebrar vasos de cristal, destruir quartos de hotéis de luxo, rasgar e rasgar-me, virar-me pelo avesso, me descabelar, gritar e romper o tempo, viajar à velocidade da luz, para que minha massa se transforme em energia e eu possa deixar de ser matéria...


Esse era um daqueles dias em que tudo parece perfeito, nenhum sobre salto maior, nenhum pensamento suicida e o mais importante de tudo, era o dia que marcava um recorde histórico, o dia em que, depois de mais de um ano atormentada por um fantasma fantasiado de quase amor, ela passou mais de três horas sem que seus pensamentos rondassem a área proibida da lembrança dele. Saiu do trabalho andando feliz e até se despediu do porteiro do prédio antes de ir.
Essa noite quando se encontrou com os amigos, conversou, bebeu, se divertiu e até riu sinceramente, sem lembrar que o dia ainda não havia acabado, esquecendo a regra básica que diz claramente que só se deve cantar vitória, mais 24 horas, depois de passadas as 24 horas...
Foi quando ele chegou, não era precisamente ruim vê-lo, na verdade o fato de não ser ruim vê-lo tornava isso algo não exatamente bom...Tudo voltou, os pensamentos viajaram para ele, a cabeça não parou um minuto de criar estratégias que ela não seguiria, os olhos deixaram de respeitar os comandos do cérebro e se fixavam apenas nele, os bichos voadores despertaram em seu estomago e a vontade incontrolável e ridícula de rir se apoderou dela...algo como um ataque de pânico por uma felicidade inexplicável e ridícula a faziam querer rir e chorar...e em um lapso de sanidade em meio ao misto de sentimentos que a atropelavam pensou “eu perdi...”
Enquanto isso alheio aos estragos de terremoto que nela causava ele ria, cumprimentava a todos, enquanto ela maldizia essa gentileza indiferente que a encantava e irritava. Foi sentar-se em outra mesa, com outras pessoas, longe dela...do outro lado do mundo...sempre irritantemente perfeito. Daí tudo mudou, o dia perfeito se perdeu, e por mais que ela tentasse afastar esse pensamento despótico da cabeça, parecia que no mundo só existia ele, tão longe e tão perto...se lembrou então das aulas de física da escola, quando descobriu a existência da Teoria da Relatividade, a teoria disparatada proposta por um certo físico, que pelas fotografias parecia tão louco e insano quanto o que propunha, segundo a qual tempo e espaço podem ser curvos e não lineares e que nesse momento ela sentina na pele.
Os bichos voadores em seu estomago pareciam mais inquietos que nunca e sua cabeça parecia uma montanha russa em constante loop...mil coisas... “estou ficando louca...como é possível estar tão longe e tão perto...e se me levantasse agora, ficasse frente a ele e soltasse tudo, falaria sem parar, arrancaria o peso que me prende á terra e impede meus movimentos, atiraria tudo ao vento... depois sairia correndo e ele nunca mais me veria, nem ele nem ninguém”...Os poucos metros que os separavam pareciam anos luz, até a estrela mais distante era mais próxima que ele... “é vergonhoso de mais pensar assim, eu não sou movida a emoções assim, sou feita só de medo e razão instrumental”...

-Já vamos encerrar, querem pedir mais alguma coisa?- assim o garçom anunciou o fim da noite e da ilusão de um dia perfeito...mais 24 horas

Antes...

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som...


Crack!...e se quebra o silêncio, a voz dos barulhos instrumentais cala todos os outros sons do silêncio. Antes de ser melodiosos os sons começam desencontrados, como tateando no escuro dos ritmos tentando se encontrar e dar as mãos, para só assim iniciar seu dialogo-dança em brincadeiras harmoniosas que encantam e enfeitiçam. Na sutileza dos tons, na alegria de fazer barulhos musicais, modificam a música mil vezes re-arranjada, ajeitam, afinam, se enfeitam ... e a música finalmente saí, perfeita...

De cinema....



A ficção se apropria do real, em sua relação mutualista com a vida se alimenta de suas experiências...mas a ficção, como animal que é, transforma esse alimento sugado do real em algo novo, para alimentar a vida e assim tornar a sugar dela seu alimento em um circulo infinito....Ficção e realidade não são uma só, mas algumas vezes tudo é exatamente o que parece ser...outras vezes não


-Se minha vida fosse um filme teria está cena- ela disse, e esperou, esperou que ele dissesse alguma coisa, mas ele não não disse nada.
E nesse silêncio, ela sentiu, se terminaram as esperanças, os sonhos, os barcos para ilhas desconhecidas naufragaram sem mesmo partir e os foguetes para a lua explodiram antes de deixar a atmosfera,porque ele não disse nada...não perguntou qual seria o nome do filme, não perguntou sobre o que trataria, se seria melodrama, comedia romantica ou filme noir, não perguntou sequer se seria colorido ou preto e branco... ele não disse nada. Apenas riu, e mesmo seu riso não disse nada.

domingo, fevereiro 01, 2009

"sob a fúria do vento"


E assim somos eu e você , nós duas, ao lado do lixo...
Sonhos, risadas, contextos e mil pretextos...para que nosso filme seja em tecnicolor...


Redemoinhos

o dia estava calmo
o mar estava calmo
o vento era brisa
e a cabeça em fúria

calmaria é redemunho
num mar em labirinto
a brisa enfurecida
é asa pra voar

a cabeça, ao vento...