sexta-feira, abril 25, 2008

Francamente...

Por um daqueles mistérios da vida, em que as ideias inteligentes sempre vêm demasiado tarde, escolhi o dia de hoje, por nenhum motivo especial e sem qualquer significado cabalístico para me sentar pacientemente e ter uma conversa franca comigo. Pedi que me contasse tudo, que não fosse tímida, e o que ouvi foram as mesmas divagações sem sentido lógico e as mesmas ideias mirabolantes típicas das pessoas que vivem sonhando, e assim entre bobagens filosóficas e pensamentos não lineares, me dei conta que todo este tempo fugi de mim com medo de descobrir a confunção que sou eu. Então mais uma vez a tristeza me invadiu aos poucos, a senti subir devagarinho como uma espécie de vazio que preenche os corpo dos pés à cabeça e foi ai que o inesperado aconteceu e comecei a me lembrar com carinho de todas as coisas que um dia quis e dos sonhos jogados no lixo ou simplesmente esquecidos.E então já quase louca perguntei a ela que era eu : o que você mais queria, e ela me respondeu de um só respiro:
Queria voltar no tempo, queria viver em sonhos, queria fazer um filme, queria não mais sonhar, queria que as pessoas ficassem, queria que todos fossem embora, queria dormir para sempre, queria morrer de rir, queria não pensar em nada, queria seguir meu coração, queria que o mar me leve, queria que uma pessoa em especial tivesse ficado , queria essa pessoa tivesse insistido, queria perder a memoria, queria não querer perder a memoria, queria que ele voltasse, queria uma trilha sonora, queria pular de para quedas, queria comer goiabas, queria viver nas arbores, queria sair daqui, queria voar, queria escrever para sempre, queria acreditar no poder dos pensamentos, queria desafiar as regras,queria não perder as chances de fazer o que quero, queria seguir meus impulsos, queria me livrar das ideias fixas, queria perder o orgulho, queria, que você me deixasse respirar... Quando a vi chorar e senti que as lágrimas também molhavam meu rosto entendi que ela realmente era eu e que o que ela queria era o que queria, entendi que sua vida era a minha, que seus pensamentos eram os meus e que mesmo as filosofias de desocupado eram também minhas, descobri que eramos uma, não duas metades, a estranha aritmética das pessoas que pensam de mais em que 1+1 é igual a 1.

Hoy

Pues asi es, el dia de hoy trajo cosas y gentes que me obligaron a pensar quien realmente soy , me hicieron tambien recordar lo que me propuse ser y no ser. Y entre confusiones pseudo-metafisicas se me salió el lado metodico y comenze a hacer un balance de mi vida. hasta ahora va asi:
Tengo 21 años,
algunos besos,
buenas notas,
un muñeco de trapo y plastico,
un blog abandonado,
fotos horribles ( sin foco, guradense las comparaciones metalinguísticas),
papeles de carta,
dibujos feos,
mas o menos 20 historias entre roteros , cuentos y libros sin terminar, ningun tatuaje o piercing.
una vida social desinteresante,
pocos amigos,
sapatillas confortables con flores azules,
ganas de llorar,
mal humor cronico,
musica,
cajas vacias,
un celular sin creditos,
y una idea en la cabeza, solo me falta la camara !

segunda-feira, abril 14, 2008

Plop!

O SEGREDO

Há uma palavra que pertence a um reino que me deixa muda de horror. Não espantes o nosso mundo, não empurres com a palavra incauta o nosso barco para sempre ao mar. Temo que depois da palavra tocada fiquemos puros demais. Que faríamos de nossa vida pura? Deixa o céu à esperança apenas, com os dedos trêmulos cerro os teus lábios, não a digas. Há tanto tempo eu de medo a escondo que esqueci que a desconheço, e dela fiz o meu segredo mortal.

Clarice Lispector

Das palavras que matam todos sabiam , mas isso não impedia que as utilizassem indiscriminadamente, até ai nada de muito diferente. Acontece que lá as palavras que matam realmente matavam, e o que era ainda pior, as letais palavras eram diferentes para uns e outros o que logicamente criava um verdadeiro caos urbano.
Por isso o mocinho da nossa historia, que não terá nome para evitar entendimentos forçados, tomava todas as precauções possíveis e até as impossiveis para evitar uma morte acidental ( numero que vinha crescendo absurdamente na cidade nesses últimos anos).
Acontece que o tal mocinho não saia de sua casa sem uma boa proteção para os ouvidos, não conversava com ninguém desconhecido nas ruas, nem andava por lugares desconhecidos, tudo para evitar ouvir as letais palavras.
Estava pois um dia nosso amigo, em sua casa, lendo no jornal o caso de um homem que morrera depois de ouvir a palavra "cobrador",quando depois de muito tempo começou a pensar nas palavras que ele mais temia. Vieram pois a sua mente com uma rapidez surpreendente,as seguintes: "fim", "vôo", "amor","tempestade", "mar","saudade", "sopa de letrinhas", "manga" e "plop". Essa última lhe chamou a atenção, "plop?" se perguntou , mas isso não era uma palavra, foi então que ele se lembrou, era o som que fez seu peixinho dourado quando foi jogado na privada, seu primeiro contato com a morte. Lembrou da tristeza que sentiu e começou a pensar nas outras palavras que também o atemorizavam e para sua surpresa percebeu que nunca as tinha experimentado e a partir desse momento decidiu não mais fugir delas , busca-las , mas não para encontrar a morte , mas para descobrir a vida.