domingo, dezembro 14, 2008

Bauman

Se o amor é líquido
eu sou peixe...

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Por quê?

Não escrevo como oficio,
não escrevo por amor,
não escrevo por ódio,
não escrevo para exorcizar meus demônios,
não escrevo para esquecer do mundo,
não escrevo para que não me esqueçam,
não escrevo para que as pessoas gostem mais de mim...
escrevo para poder sobreviver,
escrevo para poder respirar,
escrevo para esquecer de mim,
escrevo para poder sonhar,
escrevo para existir...

Tensão superficial

gotas de chuva,
pequenos cristais húmidos,
água presa em si,
ilha liquida no ar

terça-feira, dezembro 09, 2008

Sabina...

Eso lo dice Sabina...a mi me parece que está muy bien... y pues nada, ai está

Lo Peor del amor

Lo peor del amor cuando termina
son las habitaciones ventiladas,
el puré de reproches con sardinas,
las golondrinas muertas en la almohada.

Lo malo del después son los despojos
que embalsaman al humo de los sueños,
los teléfonos que hablan con los ojos,
el sístole sin diástole sin dueño.

Lo más ingrato es encalar la casa,
remendar las virtudes veniales,
condenar a la hoquera los archivos.

Lo peor del amor es cuando pasa,
cuando al punto final de los finales
no le quedan dos puntos suspensivos…

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Sentidos

"Não havia ninguém para me ouvir. Eu podia rolar no chão, ficar nu, arrancar os cabelos, gemer, chorar, soluçar, perder a fala. Não havia ninguém para me ver. Ninguém para me ouvir. Não havia ninguém. Eu podia até morrer."
Do conto "Ninguém" de Luiz Vilela


A escuridão do quarto é quase total, cortada apenas pela luz da rua, que a janela aberta deixa entrar. No centro da cama, logo abaixo da janela, esta ela. Deitada de lado, as pernas encolhidas,os braços cruzados junto ao peito, a cabeça apoiada nos joelhos e as unhas cravadas nas palmas das mãos fechadas. Está nua e a luz amarela da rua a ilumina como um grande holofote. A cortina, que o vento às vezes levanta projeta sombras em seu corpo, fazendo-a parecer um bebe grande de mais, mergulhado em um mar de sombras.
Não sabe ha quanto tempo está em essa posição, ha muito perdeu a noção do tempo, se lembra apenas de ter visto como aos poucos seu quarto ia se pintando de negro, invadido pela escuridão, mas não quis se mexer.
O vento frio que entrava pela janela parecia um manto de finas agulhas perfurando sua pele,mas não quis se mexer.Braços e pernas pareciam gritar de dor na posição desconfortável, nas ela não quis se mexer. As palmas das mãos em carne viva pressionadas pelas unhas, mas ela não quer se mexer. Está imóvel. Seus olhos fechados encaram o avesso das pálpebras,a escuridão...constata o que já sabia, dentro de si só escuridão. O silencio do quarto a deixa atenta a sua própria existência, que tanto quer esquecer. A atormenta o bater de seu coração, tão vivo, o barulho do sangue correndo em suas veias...mas ela não ousa se mexer.
Em seu exercício de se esquecer de si, se percebe viva, o frio, a dor , o cheiro de chuva, o barulho de água batendo no vidro da janela, detalhes de quem vive a distraem de seu intento de se esquecer, se divorciar de si, não estar mais em sua companhia, fazer com que seu mundo acabasse, deixar de ser, apenas desaparecer na escuridão do quarto engolido pela noite, se fundir às sombras e não ser mais ela...mas não consegue...só adormece, talvez em sonhos...