Dos labirintos mais perigosos o pior é sem duvida o dos sonhos... ela estava cansada de saber isso, mesmo assim gostava de sonhar. A ideia de viver em um filme, dirigido, protagonizado e roteirisado por ela mesma lhe soava bastante tentadora. Acreditava e gostava dos sonhos, era como viver em um mundo paralelo onde coisas fantásticas aconteciam, podia voar, lutar com dragões e voltar no tempo... Os sonhos a faziam acreditar que qualquer coisa era perfeitamente aceitável e possível, sempre acreditara neles, já que seguia a lógica de que só porque algo acontece dentro de nossa cabeça não significa que não exista.
Mas os sonhos são labirintos e todo mundo sabe que em todo labirinto que se prese há um monstro. E um dia ela se encontrou com esse monstro... O mais assustador dessa criatura era , por mais paradoxal que isso pareça, que não era monstruosa como o Minotauro, ao contrario, era uma criatura encantadora... com forma de homem...
Esse dia acordou perturbada.... se sentia mal, havia algo errado, sonhar não era isso. Sentiu vergonha de se mesma, não queria nunca mais se encontrar com essa criatura... não queria se deixar enfeitiçar. Mais tarde quando foi se deitar fechou os olhos e tentou guiar seus pensamentos o mais longe possível do esconderijo do monstro.... e assim adormeceu , correndo em sentido contrario.... mas havia algo errado, uma parte de si parecia querer tomar o sentido contrario, queria encontrar a criatura, e era mais forte que tudo... e ela se deixou levar...
Se encantou por essa criatura em forma de homem, de poucos sorrisos-sonho, de curtas palavras-sonho, conversas de sonho, e abraços esses sim ela quase podia sentir...Mais uma vez acordou perturbada... o choro foi inevitável... não podia perder seus sonhos, a última coisa que ainda lhe pertencia.... Tentava em vão se convencer de que os sonhos eram insignificantes e que a criatura não podia fazer nada com ela enquanto estivesse acordada....
Na noite seguinte sua estratégia foi não dormir... mas já era tarde, o monstro homem-sonho a vencera, saíra dos sonhos e a seguia fora deles... durante o dia , dia-a dia de segunda a segunda... e ela não conseguia mais fugir e não tinha mais forças para resistir... a atormentava nas poucas palavras -realidade e nas poucas palavras -sonho, nos tímidos sorrisos-realidade e nos tímidos sorrisos-sonho, e estavam também os abraços.... que nunca existiam na realidade.... mas que atormentavam seus sonhos...
Noites em claro... tentando não pensar, tentando não sonhar, tentando apenas existir e esquecendo de viver.... Foi então quando se lembrou das palavras... essas sim nunca a iriam abandonar, e se pôs a escrever " dos labirintos mais perigosos...."
Um comentário:
Asas, menina, que a vida é de sonhar!
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